Campanha histórica do São José no Brasileirão completa 35 anos; relembre
Águia do Vale chegou as oitavas de final do Campeonato Brasileiro de 1982 e quase eliminou o Bangu; Campanha ainda marca maior público oficial do Martins Pereira
Em 16 partidas, foram sete vitórias, seis empates e apenas três derrotas na campanha da equipe no torneio nacional. Tião Marino, um dos maiores ídolos da história do clube, foi o principal nome da Águia durante a temporada, formando um ataque marcante junto com Edinho e Nenê.
– Foi uma campanha excelente da nossa equipe. Era um time muito bom e foi um grande campeonato individualmente pra mim também. Eu fui um dos concorrentes da Bola de Prata, o que tornou ainda mais essa temporada muito gratificante – lembra com orgulho, Tião Marino.
O jornalista Valtencir Vicente, acompanhou toda a trajetória dos joseenses durante o campeonato, e conta que o entrosamento da equipe foi fundamental para os resultados históricos. Ele também comenta o quanto o momento do futebol brasileiro na época ajudou para o sucesso daquele time.
– Esse time do São José que disputou o Brasileirão de 1982 já vinha atuando junto desde 1979. Era uma equipe muito entrosada, com jogadores experientes, que não viam diferença em jogar no estádio de Aparecida ou no Maracanã. Era uma época diferente, onde uma equipe do interior conseguia manter uma base forte por muito tempo, diferente do que se vê hoje em dia, como no caso do Audax, por exemplo, que foi vice-campeão paulista no ano passado e esse ano foi rebaixado – destacou o jornalista.
MAIOR PÚBLICO DA HISTÓRIA DO MARTINS PEREIRA
Logo na primeira fase, o São José teve pela frente um dificílimo grupo pela frente. Além da Águia do Vale, a chave F da competição contava com o Desportiva-ES, o Vitória, o pentacampeão mineiro, Atlético-MG, e o atual campeão brasileiro, o Grêmio, equipe já muito semelhante a que seria campeã da Libertadores e do Mundial, no ano seguinte.
Surpreendentemente, os joseenses fecharam a primeira etapa do torneio com a liderança do grupo, vencendo o Grêmio em partida dentro de casa, e empatando contra o Atlético-MG tanto no turno, quanto no returno. O duelo de volta contra os mineiros, no Martins Pereira, marcou o que é até hoje o maior público oficial da história do estádio. Foram 20.375 pessoas acompanhando o duelo naquela noite de 10 de fevereiro (em 1997, supõe-se que o confronto entre São José e São Paulo, pelo Paulistão, superou essa marca, mas o público oficial foi de 19.000 presentes).
– O São José começou aquele campeonato muito bem e fez um grande jogo contra o Atlético-MG lá no Mineirão, apesar do 0 a 0. Com a sequência da boa campanha, para o jogo no Martins Pereira contra o mesmo Atlético, no returno, a expectativa ficou muito grande. Não foi um grande jogo tecnicamente, mais um 0 a 0, que ainda ficou marcado por um gol do Eder, de falta, que o juiz não deu, pois de tão forte o chute acabou vazando as redes da meta. Mas foi muito bom ver o estádio cheio como naquela noite – comentou Valtencir Vicente.
Tião Marino, que vinha de grande atuação no duelo contra o Vitória, na rodada anterior a este confronto, também lembra bem do gol de Eder não confirmado, que “salvou” os joseenses. Contudo, o atacante destaca a garra da equipe no confronto, que foi recompensada com o empate.
– Jogar para um público como esse foi gratificante. Me lembro muito do gol do Eder que a arbitragem assinalou escanteio, achando que a bola não entrou, já que furou a rede, de tão forte que foi o chute. Foi um jogo muito difícil, o Atlético nos deu um trabalhão, mas lutamos muito e saímos com o empate – contou o ídolo do São José.
O “QUASE” CONTRA O BANGU
Após a sequência da boa campanha, superando outro grupo forte na segunda fase, com Botafogo-RJ, Londrina e Treze-PB, a Águia do Vale teve pela frente o Bangu, que a época contava com uma das mais fortes equipes do país, nas oitavas de final do torneio.
Com uma derrota por 3 a 1 para os cariocas, no Rio de Janeiro, em confronto de arbitragem polêmica, o São José precisava vencer a partida de volta por dois gols de diferença para seguir no Brasileirão. Na noite de 31 de março, os joseenses fizeram o placar necessário para a classificação no primeiro tempo, porém, o Bangu reagiu na etapa final e conseguiu o empate, encerrando o sonho da Águia.
– Nós achávamos que éramos melhores que o Bangu. E no primeiro jogo lá no Rio de Janeiro sempre desconfiamos que houve uma influência da diretoria do Bangu na arbitragem, que nos prejudicou. Na decisão da vaga, em São José, até fizemos um bom jogo mas não conseguimos conquistar a vaga – lamenta Tião Marino.
– O São José foi muito prejudicado no jogo de ida, em Moça Bonita (estádio do Bangu). Com o 3 a 1 lá, o São José precisava vencer por 2 a 0 em casa. E chegando aqui fez o que foi talvez, o melhor primeiro tempo da história do clube. Fez o placar que precisava e podia ter feito muito mais. Mas até de um jeito estranho, o jogo mudou muito no segundo tempo. O time caiu demais de rendimento, e o Bangu, que tinha um elenco com jogadores rodados, experientes, conseguiu diminuir e empatar a partida. Foi um jogo com uma atmosfera sensacional, tanto dentro quanto fora de campo, mas que infelizmente não valeu a classificação – detalha Valtencir Vicente.
* Colaborou João Pedro Almeida, sob supervisão de Filipe Rodrigues